Angélica Nogueira-Rodrigues, MD PhD Post Doc em Oncologia Global Harvard University Professora e pesquisadora UFMG Presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, EVA. Chair Ginecologia Oncológica LACOG Diretora DOM Oncologia Nasci e fui criada em Minas Gerais. Minha avó materna, doce e serena, foi revolucionária. Sob duras críticas de uma sociedade conservadora
Angélica Nogueira-Rodrigues, MD PhD
Post Doc em Oncologia Global Harvard University
Professora e pesquisadora UFMG
Presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, EVA.
Chair Ginecologia Oncológica LACOG
Diretora DOM Oncologia
Nasci e fui criada em Minas Gerais. Minha avó materna, doce e serena, foi revolucionária. Sob duras críticas de uma sociedade conservadora na década de 50, terminou um casamento complicado, criou sozinha seus filhos e venceu. Provavelmente foi com que ela que minha mãe aprendeu a encarar com coragem e dignidade os problemas da vida. E assim me ensinou. Na minha casa, a tradicional separação na criação entre menino e meninas não existiu. Respeitadas as individualidades, fomos sempre tratados e cobrados de maneira igual. Cresci acreditando que diferenças em conquistas eram consequência de escolhas, dedicação, talento ou habilidades específicas, mas não pré-definidos por uma simplificação dicotômica homem sim versus mulher não. Não nego as barreiras para a atuação feminina como uma constante, mas, para mim, o melhor remédio contra elas é seguirmos em frente e irmos nos contaminando com a conscientização sobre o alcance das nossas ações. Além de ter sido “contaminada” pela minha família, acredito na proteção das escolhas profissionais. Vestibular, residência ou doutorado são crescimento em si e credenciais para etapas subsequentes. Fiz o curso de graduação e Clínica Médica na UFMG, residência e doutorado em Oncologia no Instituto Nacional de Câncer (INCA) e pós doutorado no MGH/Harvard University. Atualmente, sou professora e pesquisadora na UFMG.Na saúde pública, além da UFMG, so consultora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Com o objetivo de organizar os esforços para ensino, pesquisa e apoio à paciente com câncer ginecológico no Brasil, participei da fundação do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, Grupo EVA, do qual estou como presidente, e idealizei o Movimento Brasil sem Câncer do Colo do Útero, apoiado pela PAHO/OMS.
Na assistência oncológica, participei da fundação do Grupo DOM Oncologia, onde sou atualmente oncologista clínica e diretora.
A Oncologia é para mim um desafio, a fusão da vanguarda do desvendar da biologia com o insubstituível cuidado clínico. Para ser oncologista é preciso, antes de mais nada, ser um cuidador - tarefa que nós mulheres fazemos desde o princípio dos tempos. E, há quase cinco anos, fui escalada para minha maior missão: criar minha filha Helena, contaminá- la com o desejo de ser uma grande mulher, no modelo que ela acreditar. E na busca de manter equilíbrio entre o pessoal e o profissional, tenho a companhia e apoio de valores imensuráveis do meu marido. As famílias mineiras têm suas receitas tradicionais. A nossa é colocar os desafios e as conquistas de um em conta conjunta, compartilhada.
Angélica Nogueira Rodrigues
Quando estava na universidade no curso de medicina, no 3º semestre, tive uma aula de fisiologia com uma professora que me marcou. Ela era endocrinologista, tinha feito mestrado e concluído seu doutorado, sendo uma parte do mesmo na Suiça. Ela dava aula com tanta propriedade, com tanta simplicidade que me encantei. Cultivei por anos aquele desejo de ter pós-graduação como aquela professor
Quando estava na universidade no curso de medicina, no 3º semestre, tive uma aula de fisiologia com uma professora que me marcou. Ela era endocrinologista, tinha feito mestrado e concluído seu doutorado, sendo uma parte do mesmo na Suiça. Ela dava aula com tanta propriedade, com tanta simplicidade que me encantei. Cultivei por anos aquele desejo de ter pós-graduação como aquela professora que tanto me marcou.
Após ter terminado a residência de Oncologia no Inca-RJ decidi voltar a Brasília em 2008. O sonho da pós-graduação ficou guardado por muitos anos. Até que no final de 2013 conheci uma professora da UnB num clube de corrida de rua que me convidou para ser sua aluna. As coisas acontecem quando precisam acontecer.
Conclui meu mestrado em 2015 e doutorado em 2019. Na defesa da tese do doutorado me lembrei do sonho que estava comigo desde a universidade.
Agora iniciarei uma linha de pesquisa no local onde atuo, no Hospital Sírio Libanês. Estudarei aspectos em qualidade de vida e sexualidade em pacientes com câncer de mama em tratamento com hormonioterapia adjuvante. Já tenho candidatos a alunos para orientar no mestrado.
Certamente podemos conciliar as duas carreiras, mas é um esforço enorme, pois assim como eu, muitos fazem pesquisa por prazer. Na defesa do doutorado até falei que encarava tudo como um grande prazer, por sair da rotina, permitir estudar pelo prazer de estudar. Isso é maravilhoso.
Penso que não temos limites para nossos sonhos. Com determinação e resiliência somos do tamanho dos mesmos.
Medica oncologista clinica do Hospital Sírio LIbanês- DF. Mestra e Doutora em Ciências das Saúde pela Universidade de Brasília
Mini CV: Dr Rachel Riechelmann MD PhD Diretora - Departamento de Oncologia Clínica, AC Camargo Cancer Center Professora e orientadora da pós graduação stricto-sensu em Oncologia da Fundação Antonio Prudente, AC Camargo Cancer Center Presidente - Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais - GTG Membro convidado dos Comitês Científicos da ESMO (GI e TNE), Membro do
Mini CV:
Dr Rachel Riechelmann MD PhD
Diretora - Departamento de Oncologia Clínica, AC Camargo Cancer Center
Professora e orientadora da pós graduação stricto-sensu em Oncologia da
Fundação Antonio Prudente, AC Camargo Cancer Center
Presidente - Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais - GTG
Membro convidado dos Comitês Científicos da ESMO (GI e TNE),
Membro do Conselho Científico do ENETS (European Neuroendocrine Tumor
Society)
Co-Editora do livro: Methods and Biostatistics in Oncology: Understanding
Clinical Research as an Applied Tool, Springer 2018.
Artigos publicamos em peer-reviewed pubmed indexed journals: 102.
Áreas de atuação: oncologista e pesquisadora em tumores gastrointestinais e
neuroendócrinos.
Depoimento:
Eu sempre adorei pesquisa. Tenho certeza que trabalharia com pesquisa em qualquer área que eu atuasse. Aprendi os métodos de pesquisa clínica durante um fellowship de 2 anos no Princess Margaret Hospital, Toronto, de 2005 a 2007. No retorno, fui orientadora de projetos científicos da Liga de Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC; atuei como gerente médica com envolvimento em pesquisa clínica na indústria farmacêutica; por 7 anos liderei e ajudei a desenvolver a pesquisa clínica do ICESP. Há 3 anos, sou diretora da Oncologia Clínica do AC Camargo, onde faço gestão, atendimento de pacientes e, claro, pesquisa. O AC Camargo foi o lugar que encontrei mais oportunidades para conduzir projetos científicos. Ah se eu tivesse mais tempo!
O que mais me atrai em pesquisa é o exercício da curiosidade. Quando queremos descobri algo, nos tornamos humildes diante do desconhecido, nos entregamos à vida. E justamente nesses momentos de descobertas que me sinto cumprindo um papel importante para sociedade e para meu destino. Na prática, fazer pesquisa, acontece da seguinte forma: atendo um paciente e surge uma dúvida sobre seu tratamento, doença ou prognóstico; a partir daí, idealizo um estudo. Frequentemente ofereço a ideia do estudo para um aluno – comumente tenho residentes ou alunos comigo. Desenhamos o projeto, submetemos ao comitê de ética, coletamos os dados, analisamos os mesmos e finalmente temos uma resposta a nossa dúvida!! Isso é excitante demais! Poder gerar conhecimento e contribuir com informações que ajudem outras pessoas (pacientes, alunos e outros colegas médicos) é muito recompensador. Ver a alegria nos olhos dos alunos frente a seus projetos com resultados é emocionante. E assim, desenvolvi ou participei de mais de 100 publicações.
Eu encorajo todo oncologista (ou todo médico) a desenvolver um projeto científico ao longo da vida. Isso é muito importante para ter experiência (e saber se gosta ou não de ciência) e principalmente para ler criticamente as pesquisas dos outros.
É difícil fazer pesquisa no Brasil? Sim, muito. Falta dinheiro, agilidade, tempo. Mas, é possível. Eu acredito que temos que focar em nichos, áreas que talvez não sejam tão “sexy”, como a cura do câncer, mas que fazem sentido para nossa realidade. Temos que ser criativos para gerar perguntas que não requeiram muitos recursos para serem respondidas. Alguns exemplos: infecções oportunistas, HIV, cânceres associados a HPV, terminalidade, meta- análises, meta-pesquisa (cheque este passo-a-passo que publiquei Oncologist. 2018 Dec;23(12):1467. doi: 10.1634/theoncologist.2018-0043). Além disso, temos que ser persistentes. Mas quando fazemos o que gostamos, pomos nosso coração, a atividade não cansa, as perdas e fracassos são vencidos sem grandes dores, e seguimos em frente. Eu tenho muitas ideias, tento muitos projetos, mas consigo executar apenas alguns. Mas tudo bem, fico feliz com os que dão certo.
Somos remunerados por fazer pesquisa clínica no Brasil? Geralmente não, e quando somos, é pouco. Vale a pena para mim? Muito! Eu creio que tudo que fazemos com amor trará um consequente sucesso. Damos de nós para vida, e a vida retribui. Eu tenho essa experiência. E hoje me sinto bem-sucedida, fazendo o que amo.
"Certa vez a filha de uma paciente, negra, me perguntou: doutora, como foi que você conseguiu? Disse a ela que, na minha casa, não havia nada mais importante para meus pais que a educação. Nelson Mandela já dizia que 'a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo'. Sem dúvida, é o maior instrumento de mobilidade s
"Certa vez a filha de uma paciente, negra, me perguntou: doutora, como foi que você conseguiu?
Disse a ela que, na minha casa, não havia nada mais importante para meus pais que a educação. Nelson Mandela já dizia que 'a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo'. Sem dúvida, é o maior instrumento de mobilidade social que eu conheço.
Disse também que o exemplo do meu pai (Homem negro, formado em odontologia pela UFBA, professor da Faculdade de Odontologia da Ufba por mais de 30 anos), sempre fortaleceu a minha autoestima.
Meu pai me mostrou sem nada dizer, que eu poderia estar em qualquer lugar, ser o que eu quisesse, existir de forma própria e segura. Nunca questionei a mim mesma seu eu poderia ou deveria estar onde quer que fosse. Se há definição melhor para representatividade do que esta, eu desconheço".
Reconhecer a importância da educação e se reconhecer como capaz de atingir seus objetivos e ocupar os espaços que deseja são pontos fundamentais em qualquer trajetória de sucesso dentro ou fora da medicina. Se eu puder inspirar alguém da mesma forma que sempre fui inspirada, minha trajetória terá feito muito sentido.
Ana Amélia Viana é médica formada pela Universidade Federal da Bahia, tem Residência Médica em Cancerologia Clínica pelo IAMSPE (Hospital do Servidor Público em São Paulo), atuando em Salvador há 11 anos dedicada ao tratamento de tumores femininos mama e ginecológicos). É médica oncologista da clínica CEHON (Oncologia D'or), do Hospital São Rafael e Hosp. das Clínicas (UFBA) e da clínica Anna Paola Noya Gatto. Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Foi homenageada recentemente com o Prêmio Maria Felipa (heroína negra nascida na ilha de Itaparica, que participou ativamente nas batalhas do 2 de Julho) que destaca o protagonismo de mulheres negras em diversas áreas de atuação como força de representatividade.